Faltas vs. Defeitos do Vinho
À primeira vista, faltas e defeitos do vinho podem até parecer a mesma coisa, só que dita com palavras diferentes. Mas, como o mundo do vinho é cheio de pormenores e detalhes, claro que não poderia ser tão simples assim. Por isso, antes de falar especificamente sobre cada falta ou defeito possível de ser encontrado nos vinhos, vamos falar sobre a diferença entre estes dois termos.
São consideradas faltas, os sabores ou características fora do espectro comum, que aparecem em baixas concentrações, ou seja, que não sobrepõem-se ao perfil do vinho. Algumas delas, inclusive, podem adicionar complexidade à bebida e, por isso, são consideradas um ponto positivo por alguns bebedores, que apreciam a personalidade que elas dão ao vinho. Uma falta, portanto, não torna o vinho necessariamente “imbebível”.
Os defeitos, por outro lado, são aquelas características que tomam conta do vinho e camuflam seus aromas e sabores naturais, tornando-o, na maioria das vezes, absolutamente intragáveis. São os mais fáceis de serem detectados, pois são exageradamente chamativos e apagam qualquer rastro de que aquele líquido foi, um dia, vinho.
Assim, em geral, uma mesma característica pode ser considerada tanto uma falta, como um defeito, dependendo da concentração e intensidade em que aparece no vinho.
Um bom exemplo disso é a contaminação por Brettanomyces (o tal de Brett), uma família de leveduras que costuma produzir aromas de band-aid, couro, suor e carne curada. Em pequenas quantidades, o Brett não só é aceito, como louvado por alguns consumidores, por adicionar complexidade ao vinho. Tem sido o caso de alguns vinhos do Vale do Rhône. Brett em excesso, no entanto, encobre todas as outras características de sabor de um vinho, sejam elas provenientes da uva, do terroir ou das técnicas de vinificação. Neste caso, portanto, Brett é defeito.
A Acidez Volátil é mais uma integrante da turma do Brett: é falta, pode se tornar defeito, mas tem fã-clube. Acidez volátil em excesso deixa o vinho com sabor de vinagre. Não tem nem como defender: ninguém abre um vinho com o intuito de temperar uma salada. Em pequenas quantidades, no entanto, ela pode dar ao vinho algumas notas balsâmicas bem gostosas, que adicionam complexidade à bebida.
Em resumo, a principal diferença entre faltas e defeitos, em boa parte dos casos, está na quantidade da contaminação.
Bom, introdução feita. É hora de começar a nossa série para falar de cada uma das faltas e defeitos mais comuns no vinho:
GOSTOU? Para novidades diárias, siga-nos também no Instagram e inscreva-se em nosso canal no Youtube, em nosso Podcast (também disponível no Spotify e iTunes) e em nossa rádio no Spotify.