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As Mulheres do Vinho

Hoje é dia 8 de Março, Dia Internacional da Mulher. Eu, Nathália, mulher sommelière e editora aqui do Umami, tomei a liberdade de falar em meu nome, porque hoje é necessário.

Bom, vou contar uma coisa pra vocês: não é fácil ser mulher em um mundo ainda dominado por homens. Em pleno 2018, há quem pense que mulher entra em lojas de vinhos apenas por dois motivos: comprar um presente para um homem, ou para acompanhar um homem. Parece piada de mal gosto, mas isso acontece de verdade e é bem triste. Vocês sabiam que, na média mundial, mulheres compram e consomem mais vinhos do que homens? Vocês sabiam que, nos Estados Unidos e na Inglaterra, os dois maiores mercados do vinho mundial, as mulheres controlam US$ 4,3 trilhões dos US$ 5,9 trilhões do gasto anual dos consumidores de vinho? Pois é.

Há quem pense que o Dia Internacional da Mulher serve apenas para oferecer parabéns, flores ou vinhos rosés às mulheres (segredinho aqui entre nós: mulher bebe tudo que é tipo de vinho, viu galera? Aliás, 70% do vinhos consumidos por mulheres no mundo são tintos!). Há quem pense que mulher não sabe fazer vinho. Mas tudo bem, há quem pense que Papai Noel e Coelho da Páscoa existem, né? Não me levem a mal, vinho é sempre bem vindo, seja branco, tinto ou rosé. Podem mandar um caixinha pra cá. Mas é sempre bom lembrar que o dia de hoje tem um significado muito maior. É sobre luta, igualdade e RESPEITO.

Então, ao invés de oferecer cupom de desconto, flores ou tacinha de vinho rosé, que tal falarmos sobre grandes mulheres, sobre mulheres FODA? É isso aí, vamos usar a palavra foda pra falar dessas mulheres incríveis sim, porque é isso que elas são. Queria poder falar de todas elas, mas é humanamente impossível. Então escolhi 5 mulheres muito emblemáticas, que venceram preconceitos e lutaram pra desbravar esse “mundo dos homens do vinho”.

Vamos a elas:

 

  • JANCIS ROBINSON

Jancis Robinson, Master of Wine | Foto: reprodução / jancisrobinson.com

Jancis é A mulher do vinho. Aliás, reformulando, é a PESSOA do vinho. Provavelmente a mais influente Master of Wine da história, ela foi a primeira pessoa de fora do mundo do vinho a obter este cobiçado título, ainda em 1984. Jancis é escritora, crítica de vinhos, colunista de inúmeras publicações de importância internacional e autora de alguns dos principais guias de vinho do mundo, como o The Oxford Companion to Wine. A renomada revista Decanter a descreve como a mais respeitada crítica e jornalista de vinhos do mundo. Não é a toa que ela é a responsável por aconselhar e selecionar os vinhos da adega real britânica. Sim, isso mesmo que vocês leram: adega da Rainha da Inglaterra, de quem, aliás, ela recebeu o título de Oficial da Ordem do Império Britânico em 2003. O currículo de Jancis é tão extenso que merece um post próprio (nota mental: fazer um post específico sobre a Jancis!), mas quem quiser saber um pouco mais sobre ela e sobre o mundo do vinho, é só entrar em seu site www.jancisrobinson.com

 

  • DONA FERREIRINHA

D. Antónia Adelaide Ferreira, da Casa Ferreirinha | Foto: Reprodução / Winepedia

Vocês já devem ter ouvido falar da famosa vinícola portuguesa Casa Ferreirinha, lar do icônico vinho Barca Velha, não é? Pois saibam que a vinícola leva em seu nome o apelido carinhoso de sua mais célebre proprietária, D. Antónia Adelaide Ferreira, famosa empresária portuguesa do século XIX. Durante o longo período em que administrou a vinícola, Dona Ferreirinha multiplicou o patrimônio da família, lutou ferozmente pela produção vitivinícola da região do Douro e para superar os obstáculos impostos pela chegada da Philoxera, praga que assolou e devastou vinhedos por toda a Europa a partir de 1863. Ela ficou conhecida pela introdução de inúmeros avanços tecnológicos na produção de vinhos do Douro e, principalmente, pela bondade e preocupação que tinha com o bem-estar de seus funcionários e suas famílias. Faleceu em 1894, aos 84 anos, mas é considerada um ícone do mundo do vinho até hoje.

 

  • LALOU BIZE-LEROY

Lalou Bize-Leroy | Foto: reprodução / www.roadsandwineandyou.com

Considerada a grande dama da Borgonha, Lalou comprou o Domaine Charles Nöellat, na célebre comuna de Vosne Romanée, o renomeou para Domaine Leroy e o comandou por 24 anos. Antes disso, co-dirigiu nada mais, nada menos do que o Domaine de la Romanée-Conti, junto com o atual proprietário Aubert de Villaine, a quem ajudou a construir a jóia na coroa que é hoje o DRC, um dos vinhos mais procurados e caros do mundo. Tenaz, Lalou refere a si mesma como um “rato de adega”. Sua propriedade é composta por 22 hectares em 26 denominações de origem, juntamente com o Domaine d’Auvenay, de quatro hectares. No auge de seus 86 anos de vida, Lalou continua a produzir alguns dos melhores vinhos da Borgonha e do mundo.

 

  • SUZANA BALBO

Suzana Balbo | Foto: reprodução / www.buenosnegocios.com

Em 1981, Suzana Balbo se tornou a primeira mulher argentina a receber o diploma de bacharel em enologia pela Universidade de Mendonza. Sua experiência profissional começou em Cafayate, na Província de Salta, onde se especializou na elaboração dos célebres Torrontés. Passou a trabalhar em outras importantes bodegas, como Martins e Catena Zapata, até que, em 1999, realizou o sonho de abrir sua própria vinícola, a Domínio del Plata, também conhecida como Suzana Balbo Wines, que fica em Luján de Cuyo, na Província de Mendoza. Hoje, a bodega de Suzana produz cerca de dois milhões de litros de vinho ao ano, (cerca de 2,7 milhões de garrafas), e exporta cerca de 95% de sua produção para mais de 65 países.

 

  • MADAME BARBE-NICOLE CLICQUOT 

Madame Barbe-Nicole Clicquot Ponsardin

Entre os séculos XVIII e XIX, a história das Maisons de Champagne se repetiu: as mulheres que perderam seus maridos em decorrência das Guerras, ou mesmo por doenças, passaram, uma a uma, a assumir o controle dos negócios da família e elevar o prestígio da região. Madame Barbe-Nicole Clicquot, conhecida como Viúva Clicquot (Veuve Clicquot, em francês), é provavelmente a mais célebres delas. Ficou viúva aos 27 anos de idade, em 1805 e, a partir daí, fez história em Reims. Produziu bebidas excepcionais e escondeu adegas inteiras para evitar saques de exércitos inimigos durante as invasões à França. É atribuída a ela, também, a invenção da remuage, procedimento que permitiu que os seus Champagnes, por um bom tempo, fossem os únicos de aparência límpida no mercado, motivo que os ajudou a ganhar boa parte da fama estrondosa que hoje possuem. A Viúva Clicquot é considerada a rainha não coroada de Champagne. Importante mencionar que Pommery, Laurent-Perrier, Roederer e Bollinger são outras importantes Maisons que se ergueram sob o comando de mulheres com histórias semelhantes a da Viúva Clicquot.


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