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O Alentejo e o Vinho de Talha

Vinho de Talha: é difícil cruzar pelo Alentejo sem ouvir falar deste ícone regional. Produzido por quase todas as vinícolas englobadas pelo CVR Alentejo, o Vinho de Talha não é apenas um vinho que, em algum momento, passa pelo ancestral recipiente de barro, que é chamado de ânfora em outras partes do mundo (inclusive em Portugal). Ao contrário. Para se chamar Vinho de Talha, é preciso seguir uma série de requisitos, responsáveis pelas características únicas que geram tanto encantamento nos enófilos de plantão.

Segundo a etimologia, a palavra de talha deriva do latim tinalia, que significa vaso ou vasilha de grandes dimensões. Aliás, a palavra tinalia também remete às tinajas, nome dado às ânforas em países de língua espanhola. Em resumo, a talha é um recipiente de barro que permite a fermentação de mostos e, também, o seu armazenamento, e que pode ter diversos tamanhos e formatos, conforme a região onde é produzido.

As talhas existem desde a época do Império Romano, o que é amplamente comprovado não só por descobertas arqueológicas, mas também pelos desenhos e ilustrações da época, que já registravam a vitivinicultura e o uso desses recipientes. Em 1876, João Ignacio Ferreira Lapa, no seu “Relatório sobre os processos de vinificação dos principaes centros vinhateiros do sul do reino”, que abordava a produção de vinhos em Portugal, chamou a vinificação em talha no Alentejo de “sistema romano”, distinguindo-o do “sistema de feitoria”, que incluía a utilização de lagares, como era comum em outras regiões do país. Este é provavelmente o registro mais antigo que aponta a força da produção de Vinho de Talha na região do Alentejo, em oposição à forma de produção do restante de Portugal.

O VINHO DE TALHA NO ALENTEJO MODERNO

É fato que as talhas se fazem presente na cultura alentejana há séculos. No entanto, com o surgimento das adegas cooperativas no Alentejo, por volta de 1950, a produção comercial de vinhos em talha foi diminuindo gradualmente. Uma notável exceção é vinícola José de Sousa, em Reguengos de Monsaraz, que manteve a sua produção exclusivamente em talhas e possui, hoje, uma das maiores coleções da talhas do século 19 ainda em utilização.

Nos últimos anos, porém, o Alentejo viu o ressurgimento da tradição das talhas, especialmente por incentivo da Herdade do Rocim, vinícola precursora do renascimento deste processo e responsável pela criação de um dos eventos mais esperados do ano: a Festa de Abertura das Talhas, que reúne produtores e apaixonados de todo o mundo, e que é celebrada no Dia de São Martinho, em 11 de novembro de cada ano. A data da festa tem razão de ser: um dos requisitos para ser considerado Vinho de Talha, é que o vinho deve se manter em contato com as cascas dentro do recipiente até esta data. Ele pode ficar até mais do que isso, mas nunca menos.

COMO O VINHO DE TALHA É PRODUZIDO

O processo de produção do Vinho de Talha é bastante peculiar. Para ajudar a ilustrar cada uma de suas etapas, o CVR Alentejo criou este vídeo bastante didático:

VINHOS DE TALHA QUE VOCÊ PRECISA PROVAR

Apesar de todos os requisitos para sua produção, os Vinhos de Talha são muito diferentes entre si e a descoberta deste estilo é uma delícia. A seguir, listamos alguns rótulos super interessantes para você provar:


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